A Cabral de Mello Neto
Certa vez cortei-me empunhando a palavra. Em seu manual de instruções, a advertência veemente: “uma faca só lâmina”. Não apenas sangue correu de minhas veias... A palavra coagulou as dores de ontem e as que ainda um dia sentirei, escoando no vão da ferida aberta.
Hoje, desconfiado do gume afiado da palavra, apenas insinuo manipulá-la, finjindo não sabê-la cortante, para quem sabe empunhá-la nas mãos de outros que também sangrem (é preciso sangrar para que o sangue corra fora do curso!), permitindo-me assim singrar os sentidos por entre cicatrizes.
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2 comentários:
Lindo texto, Ulisses. Você escreve tão bem!
P.S.: Adoro quando aparece lá no aeronauta.
Seu Ulisses,
então achei essa nau errante das palavras.
Você nas águas de Cabral e eu nas águas de outro cabralino, Ponge.
Gostei muito dos textos.
Abraços!
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