quinta-feira, 9 de julho de 2009

Moonwalker e estudos de gênero

A Michael Jackson

A palavra é uma arma incomparável, mas há algumas ações que, além de intraduzíveis, são de uma eficiência ímpar, pois desarmam qualquer discurso... E é sobre isso que falarei brevemente hoje: O que fazer para dissuadir um interlocutor sexista, racista, ou qualquer outro ista, quando se esgotam os argumentos e a paciência ante as evidências de suas ações preconceituosas? Uma colega professora, após reincidentes investidas de um estudante em sala, através de comentários marcadamente machistas que, inclusive, buscavam desqualificá-la, “perdeu a cabeça”. Sob o fundo musical psicológico do rei do pop, olhou fixamente o estudante e, em plena classe, não se deu nem ao trabalho de tentar interrompê-lo, já que ele sempre falava mais alto quando ela tentava fazê-lo: pé-antepé, ela apenas flanou tal qual Michael Jackson sob os olhos atônitos da turma inteira que, incontida, começou a rir convulsivamente deixando sem graça o estudante machista que, toda vez que pensava em intervir com seu discurso falocêntrico, temia ver outra vez a professora, um pouco acima do peso diga-se de passagem, fazendo o Moonwalker, expondo, através do próprio corpo, o ridículo das intervenções daquele sujeito.

5 comentários:

Daiane disse...

Parabéns por todos os textos...

célia mota disse...

Alguns gestos valem por mil palavras.
Sobre Michael Jackson não sei mais o que pensar, pois, a imprensa que até pouco tempo só expunha imperfeições e esquisitices, tentando convencer o público de que se tratava de um pedófilo, agora, a todo custo e com muito esforço, faz o possível e o impossível para limpar a imagem que sujou com tanta eficiência.
Estou confusa. É inegável o talento e a genialidade do artista, mas, será que isso faz dele um santo? Porque é essa a nova imagem do astro. Por várias vezes são apresentadas antigas entrevistas com fundos musicais tristes, depoimentos de pessoas próximas dele, jurando que era uma criança grande e carente de amor. Apelam para um sentimentalismo que leva o telespectador às lágrimas. E isso nos faz pensar no quanto fomos injustos ao achar que ele molestava criancinhas. Sentimento de culpa plantado em nós.
Em quê acreditar?
É isso que me assusta, a imprensa pode construir e destruir imagens, tendo o público como cúmplice e refém.

aeronauta disse...

Maravilha, Ulisses, maravilha. Eu estou vendo agora nossa querida professora dançando na sala...

Claudia disse...

Adorei! Desmoralizar o inimigo, eis o plano. O humor corroi qualquer ditadura.

célia mota disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Desculpe, empolguei. O enfoque é a professora né? Ainda chego lá!
rs rs rs