sexta-feira, 3 de abril de 2009

A casa de farinha

A meu vô

Herdei nome e pele de meu avô: Henrique. Ah! E também um pouco de sua carrancice sem hora marcada. A minha lembrança mais gostosa dele é a de uma Casa de Farinha que lhe pertencia mais afetivamente que de posse. Recordo-me de eu e meu pai o visitarmos no interior e depararmo-nos com meu avô, o alquimista, produzindo a maior invenção do homem em todos os tempos (ao lado do café, é claro): a farinha de mandioca.

Alguns homens erguem mansões para si, outros adquirem (auto)(i)móveis de luxo. Meu avô, com suas mãos obstruídas pela idade, erigiu uma Casa de Sensações para os seus. Os cheiros e sabores de sua alquimia ainda me entranham as narinas e repousam no meu paladar. Seu corpo físico, como a Casa de Farinha, demolido e sepultado pelo tempo, habita-me.

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