sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Todos os tempos

Hoje meu corpo é tambor,
nas minhas entranhas rufam no agora
todos os tempos,

[por falar em Tempo, peço a sua benção].

Como instrumento esculpido por mãos negras,
meu corpo arfa, arpeja
no silêncio:
tempo, tempo, tempo.

Tempo, tempo, tempo

Meu corpo em flaneurie vaga
Entre as galerias do Tempo
E, para sobreviver, deriva
ao olhar-tatuagem do Outro, que me fixa
atento.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Veroficcionalizações

A vida é apenas um texto de ficção um pouco mais verossímil,
Escrito com o próprio corpo
Nas páginas do tempo...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Yes, we can!

Aos conexistas, filhos rebeldes

O poeta Damário Dacruz disse em um poema, certa vez, que “a possibilidade de arriscar é que nos faz homens”... O complexo jogo demasiadamente humano dos poderes reside no poder como “permitir” ser, no poder como “força” e no poder como “possibilidade”, todas estas instâncias negadas em diversas esferas aos pobres e pretos do país. O sorriso, o fuzil, a doença e o aperto (de mão) são, pois, fruto da mesma cordialidade perversa que deseduca e mata, provocando genocídios já naturalizados ante nossas retinas. Então, como poder?

A descoberta de Obama, como afroamericano, da possibilidade no jogo presidencial estadunidense é sintoma desse marco significativo na história de qualquer sujeito, sobretudo daqueles que tiveram historicamente sua capacidade e sua força negadas.

Hoje, vi jovens que tive o prazer de orientar junto com outros professores despertarem para a possibilidade e, no ímpeto silencioso do conhecimento de um átimo de seus próprios poderes, repetirem com Obama: Yes, we can. A força gólica que emerge desse gesto quase pueril é algo que não se pode mais conter, daí a quebra desses grilhões subjetivos poderão levar esses garotos e garotas simplesmente aonde eles quiserem. E eles se deram conta disso.

Quando olho nos olhos juvenis desses meninos e meninas negros na universidade, repito um pouco para mim mesmo, como educador, que ainda é possível. Sim, ainda é possível, Yes we can...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Minha Ítaca

A Natália


Entre curvas e nós, há 11 anos, as mesmas mãos hábeis tecem-me entre a linha e o pano. Como sou insônia e silêncio, habito o hiato de cada pequeno gesto de espera, para retornar a cada manhã, como Outro, e, inesperadamente, tomar de assalto, a minha Ítaca.