sábado, 22 de novembro de 2008

Roçando a língua de Camões com disciplina

A escrita, quando produto de reflexões, sulca a pele daquele que quer grafar a página e, ao mesmo tempo, se vê auto-grafado nas margens da mesma, derivando tal qual um barco sem leme, sem remo, sem rumo no texto... Ora, a tessitura de um trabalho escrito requer, se efetivo, um abalo significativo que desloque as certezas do escritor e culmine na rasura da página na qual se risca, aliás, este é o risco da própria vida. Lecionando (in)disciplinas de Língua Portuguesa, vou roçando, e às vezes mordendo mesmo, não só a língua de Camões, mas a dos Pedros, dos Josés, das Marias para também inventar-me nas malhas de uma língua que eu falo, mas que, sobretudo, também me fala em suas entrelinhas, mesmo quando em silêncio.